17 de set. de 2012

O VEGETARIANISMO PODE SALVAR O MUNDO?



Cientistas propõem que três quartos do consumo atual de carne sejam cortados para que todos tenham o que comer no futuro.

Há três semanas, pesquisadores de todo o mundo se reuniram em Estocolmo, na Suécia, para participar da Semana Mundial da Água. Ali, em meio a discussões sobre o futuro do planeta, chegaram a conclusões alarmantes: até 2050, não haverá água para todos. Com a seca, teremos crises de desnutrição e fome, que podem levar a disputas violentas pelas últimas terras férteis do mundo. Mas nem todas as previsões foram catastróficas. Os cientistas também esboçaram soluções que poderiam prevenir esse cenário e garantir a cada um sua parcela justa de água e comida.

Entre as saídas apresentadas estavam a irrigação mais eficiente, menor desperdício de água e novos sistemas de alerta e legislação. Apesar da viabilidade dessas ideias, elas não seriam suficientes sem uma última medida: a humanidade deveria tomar o caminho do vegetarianismo. Quem come um pedaço de bife no almoço e outro no jantar passaria a ter direito a meio bife por dia. Mas será que isso é realmente necessário? Será que é viável?

Quanto à necessidade de medidas rápidas, não restam dúvidas. "O acesso à água já é um problema para um bilhão de pessoas. E com o aquecimento global isso tende a piorar, já que ele vai alterar os padrões de chuva e aumentar os eventos climáticos extremos", diz Jan Lundqvist, cientista do Instituto Internacional da Água de Estocolmo e um dos pesquisadores presentes no encontro (veja a entrevista completa). Segundo o pesquisador, a quantidade de água disponível no planeta não deve mudar muito no futuro. No entanto, a população vai crescer — seremos 9 bilhões em 2050 — e os países mais pobres tendem a alcançar os padrões de consumo dos mais desenvolvidos.

Comida é água — No relatório produzido para a Semana Mundial da Água, a pesquisadora Malin Falkenmark, do Instituto Internacional da Água de Estocolmo, calculou a quantidade de comida necessária para alimentar toda a população do planeta em 2050. Ela estimou que, mantidos os padrões de dieta atuais, que registram o consumo de 3.000 calorias por dia, sendo 20% delas vindas da carne, não haverá comida para todos. Segundo seus cálculos, esse consumo diário de calorias só será viável se a quantidade de carne for reduzida para 5%.

A estimativa se apoia na idea de que grande parte dos pastos do mundo é usada para produzir comida para bois, porcos e galinhas. Ou seja, esses animais criados para abate são grandes consumidores de recursos hídricos. Segundo a Water Footprint Network, uma organização que reúne pesquisas sobre o consumo hídrico de diversos produtos, cada quilo de carne bovina precisa de 15.415 litros de água para ser produzida. Porcos e frangos gastam um pouco menos, consumindo respectivamente 6.000 e 4.300 litros por quilo. Já o alface consome 240 litros por quilo, o tomate, 214, e a batata, 290.

Uma pesquisa publicada pelo Instituto de Educação da Água, da Unesco, em 2002, mostrou que, de toda água que é usada para produzir comida, 29,6% vai para a carne, 23,8% para os cereais e 4,4% para legumes. No entanto, somente 15,3% do consumo humano de proteínas vem da carne, enquanto 19,2% vem dos legumes e 48,2% dos cereais. É por isso que, do ponto de vista do consumo de água, faria sentido abolir os churrascos.

Fonte : Veja

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