1 de jan. de 2010

VEGETARIANISMO E VEGANISMO


O que é vegetarianismo? 

Por Sérgio Greif

Vegetarianismo é a corrente dietética que estipula a alimentação exclusivamente vegetal, com abstenção de todos os ingredientes de origem animal, mesmo aqueles que não resultaram diretamente na morte do animal. Pessoas que consomem frango, peixes, ovos, leite, mel, gelatina, cochonilha ou outros produtos de origem animal não são genuinamente vegetarianas.
O vegetarianismo é, portanto, um sistema de alimentação. Ele não necessariamente implica no reconhecimento dos direitos animais, podendo ser motivado por saúde, preferências pessoais, motivos religiosos e motivos ecológicos e sociais, entre outros.
Veganos são necessariamente vegetarianos, mas vegetarianos não são necessariamente veganos. A diferença encontra-se precisamente na motivação ideológica e no modo de vida. Vegetarianos não necessariamente boicotam cosméticos testados em animais, deixam de utilizar couro ou opõem-se ao uso de animais em outras formas de exploração.

Confusão em relação aos termos

Há uma confusão em relação aos termos “vegetariano” e “vegetarianismo”. Muitas pessoas sem conhecimento aprofundado sobre o assunto associam-nos a correntes dietéticas como o naturalismo e a macrobiótica; ou consideram que vegetarianos são aqueles que se abstém do consumo da carne vermelha, mas que podem consumir a carne branca, ovos, leite, mel, etc.
Uma outra definição errônea de “vegetarianismo” é aquela que cria uma classificação artificial que permite estratificar vegetarianos de acordo com os alimentos de origem animal que eles consomem ou deixam de consumir. Vegetarianos são definidos, assim, como pessoas que apenas não comem carnes de animal algum, podendo porém consumir leite (lacto-vegetarianos), ovos (ovo-vegetarianos), ovos e leite (ovo-lacto vegetarianos), mel (api-vegetarianos), além dos vegetarianos estritos que são tratados como “veganos”.
Nenhuma dessas classificações tem razão de ser. “Vegetarianismo” implica em abstenção e qualquer pessoa que não se abstenha não poderá ser chamada vegetariana.
Há, no entanto, um entendimento de que determinadas práticas podem levar uma pessoa a adoção do vegetarianismo. Praticamente todos os vegetarianos que não nasceram nessa condição passaram por um período maior ou menor em que abstiveram-se de determinados produtos de origem animal enquanto continuaram o consumo de outros.
Podemos considerar que uma pessoa que não consuma carne vermelha com frequência, mas esteja pensando no futuro abandonar também o consumo de frangos, peixes, ovos e leite; ou uma pessoa que já não consuma carne de nenhum tipo, mas ainda consuma ovos e leite, e que planeje em um futuro próximo tornar-se de fato vegetariana seja uma protovegetariana.

No entanto, o emprego desse termo “protovegetariano” deve ser realizado com cautela, pois em muitos casos a pessoa pode abandonar o consumo de carne vermelha mas aumentar em muito seu consumo de peixe; ou pode compensar o não consumo de carne de nenhum tipo com a adição de maior quantidade de laticínios à sua dieta. Há “ovo-lacto” convictos que sequer consideram a possibilidade de se tornarem vegetarianos. Nesse caso não há uma tendência ao vegetarianismo, pelo contrário.
Entende-se que o que se convencionou chamar de “ovo-lacto vegetarianismo” seja uma importante fase de transição em direção ao vegetarianismo, mas se a intenção do praticante não for a adoção do vegetarianismo a adoção dessa prática dietética não tem qualquer razão de ser. Ela não é compatível com os direitos animais, nem com um melhor estado de saúde, nem com a preservação de áreas naturais, nem com a melhor distribuição de alimentos. Trata-se apenas de uma preferência pessoal, sem qualquer ideologia associada.
O vegetarianismo pode estar associado ou não a outras práticas dietéticas. Assim, existem vegetarianos que são macrobióticos, vegetarianos que são crudivoristas, vegetarianos naturalistas, frutarianos. Embora em nível individual essas práticas possam se associar, elas não estão atreladas. Há, por exemplo, macrobióticos, naturalistas e crudivoristas que consomem produtos de origem animal e vegetarianos que consomem alimentos processados.

De que se alimentam os vegetarianos?

Vegetarianos alimentam-se exclusivamente de alimentos de origem vegetal: Cereais, grãos, verduras, legumes, frutas, sementes e nozes. Embora cogumelos e leveduras não sejam taxonomicamente vegetais, eles são biológica e popularmente associados a vegetais e podem ser consumidos por vegetarianos.
A dieta vegetariana é adequada para satisfazer as necessidades humanas de proteínas, lipídeos, carboidratos, minerais e para a grande maioria das vitaminas. O vegetarianismo pode, igualmente, ser praticado por pessoas em todas as fases de sua vida: Crianças, adultos, idosos, homens, mulheres, gestantes, atletas.
Porém, como na dieta convencional, os maus hábitos podem levar a carências ou excessos nutricionais. Por esse motivo faz-se necessário o consumo de alimentos em quantidade e qualidade adequados.

Vantagens da adoção do vegetarianismo

A principal motivação que leva à adoção do vegetarianismo é a ética. O vegetarianismo ético é uma forma de se alinhar comportamento alimentar com crenças e valores relativos aos direitos dos animais.
Embora essa seja a motivação, muitos são os benefícios advindos da adoção dessa corrente dietética. Muitos estudos mostram que o vegetarianismo está relacionado a uma melhor qualidade de vida e longevidade. Igualmente, vegetarianos padecem menos de diabetes, arteriosclerose, reumatismo, hipertensão, osteoporose, anemias, doenças cardíacas, doenças renais, doenças respiratórias, derrame, esclerose múltipla, alguns tipos de cânceres e obesidade, as principais causas de morte e incapacidade atualmente no mundo.
A abstenção do consumo de produtos de origem animal teria efeitos positivos também para o meio ambiente, reduzindo a pressão pela abertura de novas pastagens e campos para cultivo de alimento para animais, reduzindo o consumo de água, erosão do solo e produção de metano e outros poluentes.
Além disso, uma população vivendo de dietas vegetarianas possibilitaria o sustento de maior quantidade de pessoas em menor quantidade de terra, melhorando a distribuição de alimentos e reduzindo o problema da fome e da má distribuição de recursos.

*Sérgio Greif – sergio_greif@yahoo.com

Biólogo formado pela UNICAMP, mestre em Alimentos e Nutrição com tese em nutrição vegetariana pela mesma universidade, docente da MBA em Gestão Ambiental da Universidade de São Caetano do Sul, ativista pelos direitos animais, vegano desde 1998, consultor em diversas ações civis publicas e audiências públicas em defesa dos direitos animais. Co-autor do livro “A Verdadeira Face da Experimentação Animal: A sua saúde em perigo” e autor de “Alternativas ao Uso de Animais Vivos na Educação: pela ciência responsável”, além de diversos artigos e ensaios referentes à nutrição vegetariana, ao modo de vida vegano, aos direitos ambientais, à bioética, à experimentação animal, aos métodos substitutivos ao uso de animais na pesquisa e na educação e aos impactos da pecuária ao meio ambiente, entre outros temas. Realiza palestras nesse mesmo tema. Membro fundador da Sociedade Vegana.

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 O que é Veganismo?

 Por Veganos.org

O veganismo é uma postura ética baseada na não-exploração de todos aqueles que são capazes de sofrer e de prezar por sua vida e liberdade.
Todos nós queremos ter paz, ter nossa família, ter nosso canto pra morar, ter um emprego livre de exploração. Além disso, não há nada melhor que viver em liberdade, pois todos concordamos que viver preso é um dos piores sofrimentos que alguém pode experimentar.
Pedimos e lutamos por justiça e agimos com a filosofia de respeitar o próximo. No entanto, se pensamos um pouco no que fazemos aos animais*, podemos concluir que tudo o que não desejamos para nós, nós praticamos contra eles: aprisionamento, tortura, exploração e extermínio cruel. Cometemos uma grande injustiça já que são seres inocentes que nada fizeram contra nós. Se não a fazemos diretamente, pagamos para isso quando vamos ao mercado ou ao açougue e compramos carne ou produtos de origem animal, sem querer enxergar os fatos: dia após dia patrocinamos com nosso dinheiro o sofrimento e a morte em desespero de milhares de animais.
Talvez você nunca tenha pensado nisso, mas os animais são seres sencientes, ou seja, têm sensações e sentem dor tanto quanto nós. Eles também querem ser livres no seu habitat natural e viver de acordo com seus interesses como andar na terra, tomar Sol, procurar o seu próprio alimento ou criarem sua família. Ao impedir os animais de excercerem seus instintos basicos, nós frustramos neles o que é mais essêncial: a vontade de viver (animais confinados começam a se mutilar entre si). Nenhum ser senciente deve ser propriedade de quem quer que seja, pois todos nós somos donos de nossas próprias vidas. Por serem tão sencientes quanto nós, não é difícil concluir que a exploração dos animais é um ato tão injusto quanto à exploração de outros seres humanos.
A realidade mostra a brutalização humana: diariamente milhares de aves, bovinos e suínos, torturados no confinamento a vida toda, são abatidos cruelmente a fim de prover o enriquecimento de uns e o paladar de outros. Os consumidores preferem não pensar no assunto e nem refletir se seu comportamento é ético ou não, pois romper com o comportamento que se opõe ao da maioria dominante exige muita coragem e ousadia.
Queremos ser livres e viver em paz, mas aprisionamos e machucamos. Queremos colher amor e paz em nossas vidas, mas plantamos todos os dias dor e violência. Queremos justiça para punir aqueles que nos indignam, mas torturamos seres inocentes. Queremos ser felizes, mas condenamos ao sofrimento seres que estão a nossa mercê. Tudo isso não mostra a grande hipocrisia que vivemos?
O veganismo nada mais é do que a ampliação dos nossos horizontes morais para além das fronteiras de espécie, do mesmo modo que já superamos as de raça e as de sexo.
Por serem contrários a qualquer tipo de exploração, os veganos não consomem nenhum alimento oriundo da exploração animal como: carnes, peixes, frutos do mar, leite, laticínios e ovos. Substituímos tais produtos por alimentos de origem vegetal onde é possível encontrar os mesmos nutrientes. Não é justo sacrificar os animais apenas por uma questão de paladar, já que existem inúmeros pratos veganos saborosos e nutritivos (veja em nosso site). Aprendemos, desde crianças, que comer carne é indispensável para sermos saudáveis, mas isso não passa de uma grande mentira (somos veganos há anos e estamos ótimos de saúde) que justifica o egoísmo humano de satisfazer seu paladar à custa do sangue e sofrimento dos animais (você já imaginou como é um abatedouro?). É o oportunismo da Industria da carne que divulga esta idéia através do seu marketing e propagandas “bonitinhas”, tudo por ambição ao dinheiro.
O veganismo não se restringe a nossa dieta, pois veganos também não usam roupas e acessórios que contenham lã, couro, seda, peles e plumas, e se opõem a quaisquer eventos que usam animais como entretenimento como circos, rodeios e touradas.
E, como não poderia deixar de ser, se opõem aos testes em animais pelos mesmos motivos que todos se opõe aos testes em seres humanos sem o seu devido consentimento. Testes em animais retratam a face mais cruel das industrias capitalistas: animais são imobilizados durante dias, sendo forçados a ingerir substâncias químicas e ter seus órgãos ou pele corroídos para se medir a tolerância a tais substâncias. Apenas o consumidor pode mudar esta realidade boicotando empresas que testam em animais (veja a lista em nosso site).
Quando a demanda por produtos deste tipo acabar e o número de veganos crescer as indústrias terão que substituir seus atuais produtos e métodos de produção por outros isentos de exploração.
Mesmo se os animais usados como cobaias não fossem submetidos a tortura, o fato de estarem sendo utilizados para satisfazer às finalidades alheias por si só é essencialmente um fato anti-ético, mesmo se este uso viesse a beneficiar milhões de seres humanos. Jamais usaríamos qualquer ser humano, independentemente de suas faculdades mentais, como cobaia ou como doador de órgãos compulsório, por mais vidas que pudessem ser salvas com esta violação de direitos. Como não existe nenhuma característica cientificamente relevante que os seres humanos possuam que o difiram de outro animal senciente (capaz de ter sensações), esta prática deveria ser abolida em nome da coerência.
Os animais nasceram para viverem livres na natureza, por isso conscientizamos as pessoas a não prenderem animais em gaiolas, não comprarem animais de espécie alguma (o que financia a exploração dos reprodutores enjaulados ou o tráfico de animais, onde muitos morrem devido aos maus-tratos). Todos precisam se conscientizar de que um animal não é mercadoria, nem objeto, nem tampouco um brinquedo exótico como muitos pensam.
Quem "reproduz animais" para venda ou comercializa os caçados na natureza, quer ganhar um dinheiro fácil e antí-ético e deveria repensar o assunto. Os ricos fazendeiros se consideram grandes empresários, mas o que sustenta sua fortuna? O sofrimento dos animais, fabricados como objetos. Ganhar dinheiro a qualquer custo, como no caso do sofrimento de outros seres, deveria ser uma prática abolida por qualquer ser humano consciente de que a verdadeira função do trabalho é o desenvolvimento moral e virtuoso de suas habilidades.
O veganismo propõe o respeito para com todas as espécies com as quais dividimos o planeta. Pessoas em todo o mundo comprovam que a dieta vegana propicia inúmeros benefícios a saúde. Além disso, é cada vez mais evidente que a exploração dos animais está diretamente relacionada a problemas ambientais que estão devastando nosso planeta como: o desmatamento, a poluição das águas e atmosfera. No entanto a população está apática devido à falta de informação e conhecimento sobre o assunto.
Descubra o veganismo. Você pode viver sem explorar os Animais!  


3 comentários:

  1. Muito bom o texto. bastante exclarecedor para mim que estou querendo me adaptar ao vegetarianismo.

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  2. Sou vegetariano há 6 anos e depois de ler esse texto que é exatamente as palavras que percorrem minhas meditações todos os dias, me convenço ser um vegano. Estou do lado do bem e adorei o site. Parabéns!

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  3. Sou adepto ao ''lacto-vegetarianismo'', me considero, como lido no texto, um protovegetariano. É muito complicado na minha idade tomar uma decisão tão abrupta assim, ainda moro com os meus responsáveis e a abstinência de carnes vermelhas e brancas na minha dieta já foi uma contracultura imensa. Planejo, por isso, em um futuro adquirir o veganismo e admiro quem já conseguiu.

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