Solicitada pelo deputado Daniel Coelho, a Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa realizou, na manhã da última quarta-feira ( 8 ), a primeira audiência pública sobre vegetarianismo no Estado de Pernambuco. Segundo Daniel, o evento é um marco pelo seu pioneirismo. "É a primeira vez que este tema é discutido em Pernambuco. Existe uma população crescentes de adeptos dessa filosofia de vida que estão preocupadas com aspectos éticos, de saúde e ambientais. E o debate também ajuda a reduzir o preconceito que ainda existe com a causa vegetariana", afirmou o parlamentar.
A audiência contou com a participação dos deputados José Humberto Cavalcanti, presidente da Comissão de Meio Ambiente, Sebastião Rufino, além de Daniel Coelho. Também participaram o gestor em educação ambiental Cristiano Carrilho, representando a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Rafaela Fernandes, representando o Conselho Regional de Nutricionistas, Bárbara Bastos, da Sociedade Vegetariana Brasileira, e a ativista Camila Vieira.
Para a representante da Sociedade Brasileira de Vegetarianismo, Bárbara Bastos, o tema merece atenção por todos os benefícios que traz à sociedade. Ela defendeu que a alimentação vegetariana seja mais difundida entre restaurantes, hospitais e também seja tema de políticas públicas voltadas para a saúde.
Entre os vários pontos discutidos pelos participantes, a questão ambiental foi um dos que recebeu maior ênfase.
"A indústria alimentícia utiliza uma quantidade excessiva de recursos naturais. Se formos ver como a indústria trata a questão ambiental, é um discurso voltado para a redução de impactos. Só que, como sociedade, não deveríamos considerar isto satisfatório.
Se todas as pessoas do mundo consumissem produtos de origem animal, precisaríamos de muitos planetas Terra para se ter espaço suficiente para toda a produção", destacou Bárbara Bastos.
A questão ética também foi muito enfatizada, especialmente por conta da forma com que os animais são tratados até irem para o abate – ou para produzirem alimentos, como os ovos, no caso das galinhas.
"A declaração dos direitos humanos deu base para que o racismo se tornasse crime hoje, onde existe uma relação de opressão tendo como base a cor. Assim como a mulher, que seria inferior só porque é mulher. E aí temos o machismo.
Então pergunto: a espécie de um animal deve ser sua sentença de morte?
Se sim, estamos praticando o especismo, que é mudar o conteúdo dessa base opressiva.
O especismo é quando um homem vai dizer que os animais de outras espécies são inferiores, merecem morrer e servir de alimentos, apenas porque são de outras espécies", ponderou Camila Vieira.
A audiência pública também possibilitou que surgissem propostas para projetos de lei. "Fica aqui a sugestão para um projeto de lei para que os restaurantes tenham uma informação clara e precisa dos ingredientes que são preparados os alimentos para a população, afim de deixar claros se eles são ou não vegetarianos", sugeriu Cristiano Carrilho.
“Toda mudança cultural é muito difícil, mas a sociedade precisa reconhecer a importância do vegetarianismo e reduzir o preconceito em relação ao tema”, disse Coelho.
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