O que é vegetarianismo?
Por Sérgio Greif
Vegetarianismo é a corrente dietética que estipula a alimentação
exclusivamente vegetal, com abstenção de todos os ingredientes de origem
animal, mesmo aqueles que não resultaram diretamente na morte do
animal. Pessoas que consomem frango, peixes, ovos, leite, mel, gelatina,
cochonilha ou outros produtos de origem animal não são genuinamente
vegetarianas.
O vegetarianismo é, portanto, um sistema de alimentação. Ele não
necessariamente implica no reconhecimento dos direitos animais, podendo
ser motivado por saúde, preferências pessoais, motivos religiosos e
motivos ecológicos e sociais, entre outros.
Veganos são necessariamente vegetarianos, mas vegetarianos não são
necessariamente veganos. A diferença encontra-se precisamente na
motivação ideológica e no modo de vida. Vegetarianos não necessariamente
boicotam cosméticos testados em animais, deixam de utilizar couro ou
opõem-se ao uso de animais em outras formas de exploração.
Confusão em relação aos termos
Há uma confusão em relação aos termos “vegetariano” e
“vegetarianismo”. Muitas pessoas sem conhecimento aprofundado sobre o
assunto associam-nos a correntes dietéticas como o naturalismo e a
macrobiótica; ou consideram que vegetarianos são aqueles que se abstém
do consumo da carne vermelha, mas que podem consumir a carne branca,
ovos, leite, mel, etc.
Uma outra definição errônea de “vegetarianismo” é aquela que cria uma
classificação artificial que permite estratificar vegetarianos de
acordo com os alimentos de origem animal que eles consomem ou deixam de
consumir. Vegetarianos são definidos, assim, como pessoas que apenas não
comem carnes de animal algum, podendo porém consumir leite
(lacto-vegetarianos), ovos (ovo-vegetarianos), ovos e leite (ovo-lacto
vegetarianos), mel (api-vegetarianos), além dos vegetarianos estritos
que são tratados como “veganos”.
Nenhuma dessas classificações tem razão de ser. “Vegetarianismo”
implica em abstenção e qualquer pessoa que não se abstenha não poderá
ser chamada vegetariana.
Há, no entanto, um entendimento de que determinadas práticas podem
levar uma pessoa a adoção do vegetarianismo. Praticamente todos os
vegetarianos que não nasceram nessa condição passaram por um período
maior ou menor em que abstiveram-se de determinados produtos de origem
animal enquanto continuaram o consumo de outros.
Podemos considerar que uma pessoa que não consuma carne vermelha com
frequência, mas esteja pensando no futuro abandonar também o consumo de
frangos, peixes, ovos e leite; ou uma pessoa que já não consuma carne de
nenhum tipo, mas ainda consuma ovos e leite, e que planeje em um futuro
próximo tornar-se de fato vegetariana seja uma protovegetariana.
No entanto, o emprego desse termo “protovegetariano” deve ser
realizado com cautela, pois em muitos casos a pessoa pode abandonar o
consumo de carne vermelha mas aumentar em muito seu consumo de peixe; ou
pode compensar o não consumo de carne de nenhum tipo com a adição de
maior quantidade de laticínios à sua dieta. Há “ovo-lacto” convictos que
sequer consideram a possibilidade de se tornarem vegetarianos. Nesse
caso não há uma tendência ao vegetarianismo, pelo contrário.
Entende-se que o que se convencionou chamar de “ovo-lacto
vegetarianismo” seja uma importante fase de transição em direção ao
vegetarianismo, mas se a intenção do praticante não for a adoção do
vegetarianismo a adoção dessa prática dietética não tem qualquer razão
de ser. Ela não é compatível com os direitos animais, nem com um melhor
estado de saúde, nem com a preservação de áreas naturais, nem com a
melhor distribuição de alimentos. Trata-se apenas de uma preferência
pessoal, sem qualquer ideologia associada.
O vegetarianismo pode estar associado ou não a outras práticas
dietéticas. Assim, existem vegetarianos que são macrobióticos,
vegetarianos que são crudivoristas, vegetarianos naturalistas,
frutarianos. Embora em nível individual essas práticas possam se
associar, elas não estão atreladas. Há, por exemplo, macrobióticos,
naturalistas e crudivoristas que consomem produtos de origem animal e
vegetarianos que consomem alimentos processados.
De que se alimentam os vegetarianos?
Vegetarianos alimentam-se exclusivamente de alimentos de origem
vegetal: Cereais, grãos, verduras, legumes, frutas, sementes e nozes.
Embora cogumelos e leveduras não sejam taxonomicamente vegetais, eles
são biológica e popularmente associados a vegetais e podem ser
consumidos por vegetarianos.
A dieta vegetariana é adequada para satisfazer as necessidades
humanas de proteínas, lipídeos, carboidratos, minerais e para a grande
maioria das vitaminas. O vegetarianismo pode, igualmente, ser praticado
por pessoas em todas as fases de sua vida: Crianças, adultos, idosos,
homens, mulheres, gestantes, atletas.
Porém, como na dieta convencional, os maus hábitos podem levar a
carências ou excessos nutricionais. Por esse motivo faz-se necessário o
consumo de alimentos em quantidade e qualidade adequados.
Vantagens da adoção do vegetarianismo
A principal motivação que leva à adoção do vegetarianismo é a ética. O
vegetarianismo ético é uma forma de se alinhar comportamento alimentar
com crenças e valores relativos aos direitos dos animais.
Embora essa seja a motivação, muitos são os benefícios advindos da
adoção dessa corrente dietética. Muitos estudos mostram que o
vegetarianismo está relacionado a uma melhor qualidade de vida e
longevidade. Igualmente, vegetarianos padecem menos de diabetes,
arteriosclerose, reumatismo, hipertensão, osteoporose, anemias, doenças
cardíacas, doenças renais, doenças respiratórias, derrame, esclerose
múltipla, alguns tipos de cânceres e obesidade, as principais causas de
morte e incapacidade atualmente no mundo.
A abstenção do consumo de produtos de origem animal teria efeitos
positivos também para o meio ambiente, reduzindo a pressão pela abertura
de novas pastagens e campos para cultivo de alimento para animais,
reduzindo o consumo de água, erosão do solo e produção de metano e
outros poluentes.
Além disso, uma população vivendo de dietas vegetarianas
possibilitaria o sustento de maior quantidade de pessoas em menor
quantidade de terra, melhorando a distribuição de alimentos e reduzindo o
problema da fome e da má distribuição de recursos.
*Sérgio Greif – sergio_greif@yahoo.com
Biólogo formado pela UNICAMP, mestre em Alimentos e Nutrição com tese
em nutrição vegetariana pela mesma universidade, docente da MBA em
Gestão Ambiental da Universidade de São Caetano do Sul, ativista pelos
direitos animais, vegano desde 1998, consultor em diversas ações civis
publicas e audiências públicas em defesa dos direitos animais. Co-autor
do livro “A Verdadeira Face da Experimentação Animal: A sua saúde em
perigo” e autor de “Alternativas ao Uso de Animais Vivos na Educação:
pela ciência responsável”, além de diversos artigos e ensaios referentes
à nutrição vegetariana, ao modo de vida vegano, aos direitos
ambientais, à bioética, à experimentação animal, aos métodos
substitutivos ao uso de animais na pesquisa e na educação e aos impactos
da pecuária ao meio ambiente, entre outros temas. Realiza palestras
nesse mesmo tema. Membro fundador da Sociedade Vegana.
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O que é Veganismo?
Por Veganos.org
O veganismo é uma postura ética baseada na
não-exploração de todos aqueles que são capazes de sofrer e de prezar
por sua vida e liberdade.
Todos nós queremos ter paz, ter nossa família,
ter nosso canto pra morar, ter um emprego livre de exploração. Além
disso, não há nada melhor que viver em liberdade, pois todos concordamos
que viver preso é um dos piores sofrimentos que alguém pode
experimentar.
Pedimos e lutamos por justiça e agimos com a
filosofia de respeitar o próximo. No entanto, se pensamos um pouco no
que fazemos aos animais*, podemos concluir que tudo o que não desejamos
para nós, nós praticamos contra eles: aprisionamento, tortura,
exploração e extermínio cruel. Cometemos uma grande injustiça já que são
seres inocentes que nada fizeram contra nós. Se não a fazemos
diretamente, pagamos para isso quando vamos ao mercado ou ao açougue e
compramos carne ou produtos de origem animal, sem querer enxergar os
fatos: dia após dia patrocinamos com nosso dinheiro o sofrimento e a
morte em desespero de milhares de animais.
Talvez você nunca tenha pensado nisso, mas os
animais são seres sencientes, ou seja, têm sensações e sentem dor tanto
quanto nós. Eles também querem ser livres no seu habitat natural e viver
de acordo com seus interesses como andar na terra, tomar Sol, procurar o
seu próprio alimento ou criarem sua família. Ao impedir os animais de
excercerem seus instintos basicos, nós frustramos neles o que é mais
essêncial: a vontade de viver (animais confinados começam a se mutilar
entre si). Nenhum ser senciente deve ser propriedade de quem quer que
seja, pois todos nós somos donos de nossas próprias vidas. Por serem tão
sencientes quanto nós, não é difícil concluir que a exploração dos
animais é um ato tão injusto quanto à exploração de outros seres
humanos.
A realidade mostra a brutalização humana:
diariamente milhares de aves, bovinos e suínos, torturados no
confinamento a vida toda, são abatidos cruelmente a fim de prover o
enriquecimento de uns e o paladar de outros. Os consumidores preferem
não pensar no assunto e nem refletir se seu comportamento é ético ou
não, pois romper com o comportamento que se opõe ao da maioria dominante
exige muita coragem e ousadia.
Queremos ser livres e viver em paz, mas
aprisionamos e machucamos. Queremos colher amor e paz em nossas vidas,
mas plantamos todos os dias dor e violência. Queremos justiça para punir
aqueles que nos indignam, mas torturamos seres inocentes. Queremos ser
felizes, mas condenamos ao sofrimento seres que estão a nossa mercê.
Tudo isso não mostra a grande hipocrisia que vivemos?
O veganismo nada mais é do que a ampliação dos
nossos horizontes morais para além das fronteiras de espécie, do mesmo
modo que já superamos as de raça e as de sexo.
Por serem contrários a qualquer tipo de
exploração, os veganos não consomem nenhum alimento oriundo da
exploração animal como: carnes, peixes, frutos do mar, leite, laticínios
e ovos. Substituímos tais produtos por alimentos de origem vegetal onde
é possível encontrar os mesmos nutrientes. Não é justo sacrificar os
animais apenas por uma questão de paladar, já que existem inúmeros
pratos veganos saborosos e nutritivos (veja em nosso site). Aprendemos,
desde crianças, que comer carne é indispensável para sermos saudáveis,
mas isso não passa de uma grande mentira (somos veganos há anos e
estamos ótimos de saúde) que justifica o egoísmo humano de satisfazer
seu paladar à custa do sangue e sofrimento dos animais (você já imaginou
como é um abatedouro?). É o oportunismo da Industria da carne que
divulga esta idéia através do seu marketing e propagandas “bonitinhas”,
tudo por ambição ao dinheiro.
O veganismo não se restringe a nossa dieta,
pois veganos também não usam roupas e acessórios que contenham lã,
couro, seda, peles e plumas, e se opõem a quaisquer eventos que usam
animais como entretenimento como circos, rodeios e touradas.
E, como não poderia deixar de ser, se opõem aos
testes em animais pelos mesmos motivos que todos se opõe aos testes em
seres humanos sem o seu devido consentimento. Testes em animais retratam
a face mais cruel das industrias capitalistas: animais são imobilizados
durante dias, sendo forçados a ingerir substâncias químicas e ter seus
órgãos ou pele corroídos para se medir a tolerância a tais substâncias.
Apenas o consumidor pode mudar esta realidade boicotando empresas que
testam em animais (veja a lista em nosso site).
Quando a demanda por produtos deste tipo acabar
e o número de veganos crescer as indústrias terão que substituir seus
atuais produtos e métodos de produção por outros isentos de exploração.
Mesmo se os animais usados como cobaias não
fossem submetidos a tortura, o fato de estarem sendo utilizados para
satisfazer às finalidades alheias por si só é essencialmente um fato
anti-ético, mesmo se este uso viesse a beneficiar milhões de seres
humanos. Jamais usaríamos qualquer ser humano, independentemente de suas
faculdades mentais, como cobaia ou como doador de órgãos compulsório,
por mais vidas que pudessem ser salvas com esta violação de direitos.
Como não existe nenhuma característica cientificamente relevante que os
seres humanos possuam que o difiram de outro animal senciente (capaz de
ter sensações), esta prática deveria ser abolida em nome da coerência.
Os animais nasceram para viverem livres na
natureza, por isso conscientizamos as pessoas a não prenderem animais em
gaiolas, não comprarem animais de espécie alguma (o que financia a
exploração dos reprodutores enjaulados ou o tráfico de animais, onde
muitos morrem devido aos maus-tratos). Todos precisam se conscientizar
de que um animal não é mercadoria, nem objeto, nem tampouco um brinquedo
exótico como muitos pensam.
Quem "reproduz animais" para venda ou
comercializa os caçados na natureza, quer ganhar um dinheiro fácil e
antí-ético e deveria repensar o assunto. Os ricos fazendeiros se
consideram grandes empresários, mas o que sustenta sua fortuna? O
sofrimento dos animais, fabricados como objetos. Ganhar dinheiro a
qualquer custo, como no caso do sofrimento de outros seres, deveria ser
uma prática abolida por qualquer ser humano consciente de que a
verdadeira função do trabalho é o desenvolvimento moral e virtuoso de
suas habilidades.
O veganismo propõe o respeito para com todas as
espécies com as quais dividimos o planeta. Pessoas em todo o mundo
comprovam que a dieta vegana propicia inúmeros benefícios a saúde. Além
disso, é cada vez mais evidente que a exploração dos animais está
diretamente relacionada a problemas ambientais que estão devastando
nosso planeta como: o desmatamento, a poluição das águas e atmosfera. No
entanto a população está apática devido à falta de informação e
conhecimento sobre o assunto.
Descubra o veganismo. Você pode viver sem explorar os Animais!